MENINO QUE VIROU MULHER CONSEGUE VITÓRIA INÉDITA NA JUSTIÇA DO RN

Justiça do Rio Grande do Norte concede vitória inédita a transexual e permite mudança de nome em registro civil.

Rochely Eleonar exibe nova certidão.
Rochely Eleonar exibe nova certidão.
Dormiu Eimar e acordou Rochely. A frase resume bem a história de Eimar Silva, que veio ao mundo perfeito como todas as crianças. Ainda pequeno, entretanto, percebia que o universo feminino exercia um fascínio sobre sua identidade de gênero. Aos 14 anos, cedeu aos desejos íntimos e, já feminilizado, passou a pintar as unhas. Lutou contra o preconceito na rua e na escola. Aos 16, abandonou a identidade masculina e se impôs Rochely Eleonora. Começava, então, uma luta de afirmação que teve o primeiro final feliz na tarde desta quarta-feira (2), no 4º Ofício de Notas, na zona Sul de Natal.

Delicada, mas decidida, Rochely Eleonora Silva de Barros agora não é só um nome social. Está escriturado por força de determinação judicial nos registros oficiais, com validade em todo o território nacioal. O menino Eimar cresceu e se tornou mulher.
O caso seria mais entre as recentes conquistas dos trangêneros não fosse por um detalhe: Rochely não fez – ainda – a cirurgia de mudança de sexo. É a primeira transexual no Rio Grande do Norte que consegue novo registro civil antes da intervenção de adequação sexual. A mudança foi possível graças à prática jurídica da Universidade Potiguar, que movimentou na Justiça todo o processo. Emocionada, a moça, que hoje tem 19 anos e está no primeiro semestre da faculdade de Direito (UnP), quer servir de exemplo.

 
“Que os demais transgêneros tenham a coragem de enfrentar essa luta. Isso representa hoje, enfim, conseguir uma identidade. Temos apenas uma identidade, e não duas. A luta é para se reconhecer isso. Somos apenas uma pessoa só”, disse orgulhosa, enquanto exibia sua nova certidão para flashes e objetivas de câmeras.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) lista atualmente a transexualidade com um distúrbio mental. Em 2015, entretanto, isso deve mudar. Pela nova proposta, os transexuais vão ganhar um capítulo próprio nas “condições relativas à sexualidade”. Para a OMS, transexualidade designa um indíviduo com identidade de gênero oposta a do nascimento, tendo desejo de viver e ser aceito como do sexo oposto.

“Eu comecei a perceber isso muito cedo em mim. Dentro de casa, a primeira reação foi de neutralidade. Depois de apoio”, conta Rochely, que enfrentou, por outro lado, resistência na rua e escola. “Os professores relutavam em me chamar pelo feminino”. Foi da escola, contudo, que partiu a orientação que mudou essa história.
“Orietaram-me a procurar um serviço de psicologia, e devo dizer que fui muito bem acolhida pela equipe de psicologia e urologia do Hospital Onofre Lopes”. Foi na unidade de saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte que ela iniciou o tratamento de feminilização. Através do HUOL, Rochely fez castração química e toma hormônios para modificar o seu layout, que cada dia mais assume a configuração feminina.
A luta da moça agora é pela cirurgia que vai modificá-la para sempre. “É uma decisão irreversível.. Ela vai tentar o procedimento pelo SUS. Tem conciência das dificuldades que vai enfrentar – o tempo de espera pode chegar a nove anos – mas não esmorece. “Sei o que quero e vou conseguir”, brada com um sorriso de vitória no rosto maquiado.
MENINO QUE VIROU MULHER CONSEGUE VITÓRIA INÉDITA NA JUSTIÇA DO RN MENINO QUE VIROU MULHER CONSEGUE VITÓRIA INÉDITA NA JUSTIÇA DO RN Reviewed by Erivan Justino on quarta-feira, julho 02, 2014 Rating: 5

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