O BRASIL É SÓ BALA, BOI E BÍBLIA?

Muito vai se ouvir falar nos próximos meses e anos da agenda das
BBBs: redução da maioridade penal, flexibilização na proibição de porte
de armas via a revogação do Estatuto do Desarmamento, Estatuto do
Nascituro (que prevê benefício para feto fruto de estupro), o Estatuto
da Família que a define como núcleo formado por homem e mulher, a
transferência do Executivo para o Congresso da demarcação das terras
indígenas (de interesse dos ruralistas), entre outros.
É uma agenda que tem uma chance
alta de vingar, ao menos na Câmara, não apenas pelo número de deputados
que a defende, mas porque são medidas que não envolvem gastos. Não mexem
com o Orçamento em tempos de ajuste fiscal. E em uma conjuntura de
retração econômica e de obras escassas, na qual os governantes terão
pouco a apresentar, a agenda de forte conotação moral pode, além do
mais, produzir a sensação para a população de que os políticos estão
trabalhando, fazendo a sua parte.
As BBBs movimentam assuntos de
forte apelo popular e nas redes sociais. Mexem com o cotidiano das
pessoas, com suas vidas pessoais, inclusive. É, enfim, o que se chama a
nova agenda conservadora no Brasil, ancorada nas ideias de Deus,
Propriedade e Liberdade.
Eduardo Cunha não comanda na
Câmara, como se disse no início da sua ascensão, o chamado “baixo
clero”, mas, sim, articula uma agenda de âmbito nacional. Se de modo
geral a eleição de Lula em 2002 jogou o pêndulo da política para a
esquerda, agora parece claro que se faz o movimento contrário. Olhando
desse ângulo a eleição de Dilma, que manteve o PT no Planalto, parece
até um acidente de percurso. Ou sinal de que o Brasil quer mudanças, mas
em termos, equilibrando, mesmo que precariamente, diferentes forças.
O BRASIL É SÓ BALA, BOI E BÍBLIA?
Reviewed by Erivan Justino
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domingo, maio 03, 2015
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