DESTINO DO TURISMO BRASILEIRO NAS MÃOS DE UM POTIGUAR
Pergunta: Muito se fala do potencial turístico do Brasil, mas no
último ano recebemos apenas 6 milhões de turistas estrangeiros, enquanto
países menores, como a Tailândia, recebe 24 milhões de estrangeiros. O
país tem de fato este potencial turístico?
Confira a entrevista completa...
Henrique Alves: Recentemente
o Fórum Econômico Mundial divulgou o estudo global de competitividade
no turismo, realizado pelo organismo a cada dois anos. Nele, foram
analisadas 14 dimensões que impactam no turismo. Como resultado, o
Brasil saltou da 51ª posição em 2013 para a 28ª este ano em um ranking
de 140 países. No quesito atrativo naturais, mantivemos o 1º lugar
conquistado no estudo de 2011. É um indicativo importante do nosso
potencial turístico.
Pergunta: O que falta então para transformarmos todo esse potencial em benefícios reais para a população?
Henrique Alves: Enganam-se
aqueles que pensam que os atrativos naturais, o sol e praia, a cultura
são suficientes para atrairmos turistas estrangeiros. O turismo é um
setor extremamente complexo e competitivo, que impacta 52 atividades.
Estamos falando de taxistas, donos de pequenas pousadas e grandes
resorts, garçons, camareiras, agentes de viagem, pilotos de avião,
apenas para citar algumas das carreiras que dependem do turismo. Em
nível global disputamos o viajante com mercados como os Estados Unidos,
destinos caribenhos, diversos países europeus bem preparados e
conhecidos mundialmente, como a França, Espanha e Itália. Precisamos,
portanto, tratar o turismo de maneira profissional, melhorar a
infraestrutura, a qualificação e criar narrativas que despertem o
interesse do consumidor.
Pergunta: Quais medidas objetivas podem ser adotadas nesse sentido?
Henrique Alves: A
estratégia de promoção brasileira precisa ser mais agressiva e, para
isso, temos de mudar o modelo de gestão da Embratur, nossa autarquia
responsável por “vender” o Brasil no exterior. Essa semana encontrei-me
com a ministra do Turismo do México, Claudia Salinas, e conversamos
sobre o assunto. A agência de promoção deles pode fazer parceria com a
iniciativa privada, é mais ágil e tem mais flexibilidade que a Embratur.
Não precisamos ir muito longe para encontrar um modelo adequado. Aqui
no Brasil temos a Apex, uma agência híbrida, que dialoga muito bem com o
mercado e as diversas esferas de governo. Imagina se conseguirmos numa
campanha de divulgação de um destino brasileiro num mercado prioritário
combinar com as grandes empresas nacionais que para cada real que eles
investirem o governo aportar a mesma quantia. Isso potencializaria muito
a nossa promoção internacional.
Pergunta: Apenas a melhoria da promoção bastaria?
Henrique Alves: De
maneira alguma. Temos também de criar condições básicas para a
iniciativa privada investir no turismo, um ambiente de negócios mais
amigável, com segurança jurídica, infraestrutura básica, saneamento e
segurança. Vou me dedicar a um projeto piloto que tem tudo para abrir os
olhos do Brasil para a importância do turismo para a economia. Trata-se
da criação de uma Zona de Processamento Especial do Turismo, onde
existirá condições propícias para o investidor. Estamos falando de
benefícios econômicos, tributários e facilidades no processo de
licenciamento. Lógico que tudo será acertado com os órgãos de controle
como o Ministério Público. Mais uma vez o México pode servir de exemplo.
Há 40 anos, a região onde hoje existe Cancun era abandonada, não tinha
qualquer expectativa. Em 2014, um total de US$ 16 bilhões entraram no
país pelo turismo e, apenas Cancun, respondeu por 70% desse montante,
mais que todo o Brasil recebeu (US$ 6,9 bilhões).
Pergunta: Estamos num ano de entressafra no turismo, já que em 2014 tivemos a Copa e em 2016 teremos a Olimpíada?
Henrique Alves: Diria
que estamos num ano ideal para nos preparar para o turismo desenvolver
todo o seu potencial. Tenho falado constantemente com o ministro da
Aviação Civil, Eliseu Padilha, e com as companhias aéreas para
melhorarmos a nossa malha aérea regional e permitir que o brasileiro
viaje ainda mais pelo próprio país. Atualmente, 62 milhões de
brasileiros consomem turismo. Temos estudos que revelam que temos um
potencial de inserir outras 70 milhões de pessoas nesse mercado. Para
isso, elas têm de sentir-se motivadas. A qualificação dos profissionais
que trabalham no setor é fundamental nesse processo. O Ministério do
Turismo já enviou duas turmas de estudantes escolhidos por mérito para
cursos de aperfeiçoamento em mercados consolidados como Portugal,
Espanha e Reino Unido. Vou dar prosseguimento ao programa e tratar o
tema qualificação com bastante carinho.
DESTINO DO TURISMO BRASILEIRO NAS MÃOS DE UM POTIGUAR
Reviewed by Erivan Justino
on
terça-feira, maio 19, 2015
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