JUIZ CONFIRMA QUE DINHEIRO DESVIADO PELO PT INTERFERIU NO PROCESSO ELEITORAL
Nesta segunda-feira, Moro condenou
ex-tesoureiro do PT e o ex-diretor de Serviços da Petrobrás por
corrupção passiva, lavagem de dinheiro e associação criminosa
Sentença de Moro confirma que PT se beneficiou com dinheiro desviado |
O juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações da Operação Lava
Jato, afirmou em sentença que condenou o ex-tesoureiro do PT João
Vaccari Neto, a 15 anos de prisão, que propina de R$ 4,260 milhões,
supostamente paga entre 2008 e 2012 à legenda, interferiu no processo
eleitoral. “A corrupção gerou impacto no processo político democrático,
contaminando-o com recursos criminosos, o que reputo especialmente
reprovável”, sentenciou o magistrado.
Segundo a denúncia da força-tarefa do
Ministério Público Federal os R$ 4,260 milhões foram repassados entre 23
de outubro de 2008 a 8 de março de 2012, como doações eleitorais
registradas ao PT. A força-tarefa apurou que deste total R$ 3,660
milhões foram destinados ao Diretório Nacional do PT. O restante foi
pulverizado entre diretórios estaduais e municipais da agremiação. As
doações, afirma a Procuradoria da República, foram feitas pelas empresas
controladas pelo executivo Augusto Mendonça – PEM, Projetec e SOG.
“Talvez seja essa, mais do que o
enriquecimento ilícito dos agentes públicos, o elemento mais reprovável
do esquema criminoso da Petrobras, a contaminação da esfera política
pela influência do crime, com prejuízos ao processo político
democrático. A corrupção com pagamento de propina de milhões de reais e
tendo por consequência prejuízo equivalente aos cofres públicos e a
afetação do processo político democrático merece reprovação especial”,
sustenta Moro.
Um detalhe chamou a atenção do juiz
Moro. “Analisando as doações chama a atenção que, para alguns períodos,
elas aparentam ser alguma espécie de parcelamento de uma dívida, como as
doações mensais de R$ 60 mil entre junho de 2009 a janeiro de 2010 ou
entre abril de 2010 a julho de 2010, do que propriamente a realização de
doações eleitorais espontâneas.”
Nesta segunda-feira, Moro condenou, além
de Vaccari, o ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque, este a
28 anos de prisão, ambos por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e
associação criminosa. Os dois estão presos em Curitiba, base da missão
Lava Jato.
Saiba mais...
Também foram condenados outros
envolvidos no esquema. Os operadores Adir Assad, Sônia Mariza Branco e
Dario Teixeira Alves Junior foram condenados a 9 anos e 10 meses, cada
um, por lavagem de dinheiro e associação criminosa.
O juiz Moro condenou, ainda, os
delatores Mário Góes (lobista – 18 anos e 4 meses de prisão), Pedro
Barusco (ex-gerente de Engenharia da estatal – 18 anos e 4 meses),
Augusto Mendonça (empresário – 16 anos e 8 meses), Julio Camargo
(lobista – 12 anos) e Alberto Youssef (doleiro – 9 anos e 2 meses). Como
colaboradores, eles cumprirão as penas definidas nos acordos com a
força-tarefa da Lava Jato.
O juiz destacou que o delator Augusto
Mendonça declarou que teria feito as doações por solicitação de Renato
Duque e que elas fariam parte do acerto de propina com a Diretoria de
Serviços. Duque é apontado como elo do PT no esquema de propinas da
estatal. Segundo a denúncia, João Vaccari, então tesoureiro do PT,
‘tinha conhecimento dessas doações e que elas se originavam em acerto de
propina com a Diretoria de Serviços’.
De acordo com outro delator, Pedro
Barusco, ‘eram frequentes as reuniões entre João Vaccari e Renato
Duque’. O próprio Barusco teria participado de reuniões ‘nas quais as
propinas eram discutidas’.
“A participação de João Vaccari na
coleta de valores oriundos dos esquemas criminosos na Petrobras também
foi objeto de declarações de Alberto Youssef, Paulo Roberto Costa
(ex-diretor de Abastecimento da Petrobras) e Eduardo Hermelino Leite,
este último dirigente da Camargo Correa”, afirmou Moro, referindo-se a
outros três delatores da Lava Jato.
Augusto Mendonça entregou à força-tarefa
recibos e comprovantes de transferências bancárias das doações. Segundo
Moro, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou a existência de
doações registradas. “Ressalve-se que o Tribunal Superior Eleitoral
confirmou apenas as doações registradas ao Diretório Nacional do Partido
dos Trabalhadores no montante de R$ 3,660 milhões, não tendo havido
consulta a respeito das doações registradas aos diretórios estaduais e
municipais. Mas estas, as doações aos diretórios estaduais e municipais,
também estão comprovadas documentalmente, conforme doação de R$ 100 mil
em 23 de outubro de 2008 ao Diretório Estadual da Bahia pela Projetec
Projetos.”
Defesa
O criminalista Luiz Flávio Borges
D’Urso, que defende João Vaccari Neto, disse que ainda não teve acesso à
sentença condenatória do ex-tesoureiro do PT a 15 anos de prisão em um
dos processos das Operação Lava jato. Nos últimos meses, desde que
Vaccari foi preso – abril de 2015 -, o criminalista reitera que o
ex-tesoureiro jamais arrecadou dinheiro ilícito para o partido. “As
acusações são baseadas nas palavras de delatores e palavra de delator
não é prova de nada”, tem afirmado o advogado. “O sr. Vaccari arrecadou
doações lícitas, sempre doações lícitas, todas entregues ao PT,
devidamente contabilizadas e declaradas às autoridades competentes.”
JUIZ CONFIRMA QUE DINHEIRO DESVIADO PELO PT INTERFERIU NO PROCESSO ELEITORAL
Reviewed by Erivan Justino
on
segunda-feira, setembro 21, 2015
Rating:
Nenhum comentário:
Seu comentário passará por uma avaliação...