MESMO FORA DA PAUTA, REFORMA TRIBUTÁRIA GERA DISPUTA ENTRE PODERES

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia
(DEM-RJ), espera pela aprovação da reforma da Previdência para acelerar a tramitação
da reforma tributária na Casa. Mas, assim como foi durante a análise do projeto
que altera as regras de aposentadoria, com embates entre o parlamentar
fluminense e o ministro da Economia, Paulo Guedes, lideranças esperam que o
rito de apreciação da simplificação de impo
stos siga pelo mesmo caminho.
Isso porque há três projetos de reforma
tributária no Congresso Nacional. Dois já em tramitação – um na Câmara e outro
no Senado – e o do governo, que, segundo Guedes, está sendo finalizado pela
equipe econômica. A luta política por trás da mobilização para alterar a
cobrança de tributos no país já se dá devido ao protagonismo que cada Casa
disputa, a depender do texto que será aprovado pelo Parlamento.
Na Previdência, o projeto do governo foi levado adiante, apesar das
mudanças realizadas pelo relator, Samuel Moreira (PSDB-SP), e pelo colegiado.
Por isso, líderes duvidam que o governo não vá insistir ou tentar negociar para
ter ao menos alguns dos pontos do texto dele atendidos pelo relator na Câmara,
Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).
Até porque a tributária tem tido mais apoio que a
previdenciária, tida como “impopular” pelos congressistas, explicou uma
liderança do Centrão: “O governo vai querer a imagem dele ligada a essa
reforma. Mas a do Baleia (Rossi, do MDB-SP) já está sendo benquista pelos
parlamentares, inclusive até por alguns da oposição”.
Na Câmara, já está na Comissão Especial a Proposta de
Emenda à Constituição (PEC) 45/2019, do líder do MDB na Casa, Baleia Rossi (SP). Segundo o texto, haveria unificação
de impostos. Os tributos federais PIS, Cofins e IPI, o estadual ICMS e o
municipal ISS seriam substituídos pelo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). A
receita seria compartilhada tanto para a União quanto para estados e
municípios.
Medir forças com Congresso
Esse é o projeto que tem mais força entre os congressistas. É o que diz odeputado Marcelo Ramos (PL-AM), que foi presidente da comissão especial da Previdência e está entre os membros do colegiado que tratará das mudanças tributárias. “A guia será a do Baleia. Se chegar uma do governo, teria que ser apensada à do Baleia”, sentenciou.
Esse é o projeto que tem mais força entre os congressistas. É o que diz odeputado Marcelo Ramos (PL-AM), que foi presidente da comissão especial da Previdência e está entre os membros do colegiado que tratará das mudanças tributárias. “A guia será a do Baleia. Se chegar uma do governo, teria que ser apensada à do Baleia”, sentenciou.
Além disso, ele avaliou que, se o governo quiser
buscar protagonismo nesta reforma – uma vez que a previdenciária vem sendo
aprovada muito pelo esforço de Maia no trabalho de articulação -, deverá
reverter a imagem que tem entre os parlamentares.“O governo pode até tentar,
mas terá que mudar muito a relação com o Congresso para conseguir”, destacou
Ramos.
Entre as estratégias do governo para concretizar apoio
com congressistas, uma vez que não há uma base aliada consolidada, está a
liberação de emendas impositivas, assim como ocorreu durante o primeiro turno
de votação da reforma da Previdência, em que o Executivo saiu vitorioso.
Um líder do Centrão, que preferiu não ser
identificado, rejeitou a possibilidade de o governo querer enfrentar a força de
Maia no Parlamento. “O próprio governo sabe que a Previdência só vai chegar ao
Senado porque o Rodrigo fez o processo de articulação. Ele transita bem entre
os grupos da Casa e sabe manter acordos. Tem a confiança”, explicou. Portanto,
a negociação com o governo pelo texto deverá passar pelo crivo do deputado
fluminense.
Para a vice-líder do PL na Casa e amiga próxima de
Maia, Flávia Arruda (PL-DF), o presidente da Câmara enxerga na PEC 45/2019, que
unifica os tributos, a mesma importância fiscal da da Previdência. A deputada
garante que Maia vai se empenhar novamente pela aprovação da matéria, mas que
comandará a agenda do Parlamento independentemente do Executivo.
Outros propostas
Assinada pelo presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (DEM-AP), com mais
66 senadores, a PEC 110/2019 foi apresentada no início de julho, mas ainda está
em apreciação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. O texto foi
baseado na reforma do ex-deputado Luiz Carlos Hauly, apresentada em 2004 e
aprovada na comissão especial da Câmara em 2018. Ela, contudo, não chegou a ir
a plenário.
De acordo com o projeto, seriam extintos IPI, IOF,
CSLL, PIS/Pasep, Cofins, Salário-Educação e Cide Combustíveis — além do imposto
estadual ICMS e o municipal ISS. Mas, diferentemente da reforma de Baleia,
seriam criados o Imposto sobre Operações com Bens e Serviços (IBS), que teria
tributação sobre valor agregado, nos estados, e o Imposto Seletivo (IS), no
âmbito federal, sobre operações com bens e serviços.
Já a PEC do governo, que está prestes a ser finalizada, deve
ser apresentada ainda neste mês, segundo informou o secretário especial da
Receita Federal, Marcos Cintra. Apesar de o texto ainda não ter sido divulgado
oficialmente, Maia já mostra resistência à matéria. Cintra explicou que seria
uma espécie de fusão dos outros dois projetos, para ter uma aprovação maior
entre “todas as partes envolvidas”.
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou na
quarta-feira (17/07/2019) que o governo mexerá apenas em impostos federais, com
perspectiva de redução da carga tributária ao longo dos anos. Uma das mudanças
seria a redução da alíquota máxima do imposto de renda (IR) para 25%.
Atualmente, pessoas físicas pagam até 27,5% e pessoas jurídicas, como empresas,
pagam até 34% de IR.
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Reviewed by Erivan Justino
on
quinta-feira, julho 18, 2019
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