POLÍCIA INVESTIGA CASO DE SUPOSTA PIRÂMIDE NO 'MISTER COLIBRI'
Por Eduardo Valente e Júlia Pessôa
Esquema de corrente financeira é desmantelado. Delegada apura crimes de estelionato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Suspeita é de milhares de vítimas
Em salas na Barbosa Lima, policiais recolheram documentos, que pode ajudar nas investigações |

Um suposto esquema de pirâmide financeira foi desmantelado ontem em uma operação da 7ª Delegacia Distrital, responsável pelo Centro, com o apoio do Núcleo de Ações Operacionais da Polícia Civil (Naop) e da 1ª Delegacia Distrital, que trabalha com a região do São Mateus. Com mandados de busca e apreensão, os agentes estiveram em uma concessionária de veículos de luxo na Rua Morais e Castro, em São Mateus, em salas comerciais da Rua Barbosa Lima, no Centro, e ainda na residência do principal suspeito de coordenar o esquema na cidade, na Rua São Lourenço, Bairro São Bernardo, Zona Sudeste. A operação policial chamou atenção da população. A suspeita é de que o grupo tenha praticado crimes de estelionato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Nos últimos seis meses, a Tribuna acompanhou a rotina de pessoas que afirmam, por meio de redes sociais, organizarem o serviço na cidade. Trata-se de um grupo de, pelo menos, sete pessoas.
Os agentes recolheram computadores, notebooks, documentos, equipamentos eletrônicos, roupas de marca, relógios, comprovantes de vendas de viagens e aparelhos eletrônicos de procedência duvidosa. Ninguém foi preso. A esposa do suspeito de chefiar a organização na cidade foi conduzida à delegacia para prestar esclarecimentos ainda durante a tarde. À noite, também compareceu ao local um casal, que teria envolvimento com as atividades exercidas.
As investigações, iniciadas há cerca de nove meses, estão sendo conduzidas pela delegada Mariana Veiga. A estimativa é de que haja milhares de vítimas no caso. "Vamos apurar quanto o grupo teria movimentado em dinheiro e identificar a legalidade e a participação das empresas no suposto esquema." As vítimas devem procurar a 7ª Delegacia Distrital, em Santa Terezinha.
Parte dos associados que teriam sido lesados pelo esquema acompanhou o andamento das ações na tarde de ontem. Foi o caso de um funcionário público, 28 anos, que disse ter empregado R$ 14 mil, dos quais teria recuperado R$ 6.200. Ele conta que entrou no grupo por meio de um amigo que teria empenhado R$ 100 mil e ganhado quase o dobro. "Vim conhecer o escritório com ele e vi pessoas saindo com muito dinheiro na hora, por isso acreditei que era possível ganhar também."
Com essa promessa de enriquecer de forma fácil, rápida e segura, milhares de juiz-foranos, como o funcionário público, teriam se envolvido na proposta tentadora do chamado Mister Colibri, empresa com sede em Fortaleza (CE), com uma ramificação em Juiz de Fora e região. O grupo realizava reuniões semanais na cidade, onde os participantes eram convocados a assistir um minuto e 30 segundos de vídeos publicitários por semana e faturar R$ 40. O preço para um "mundo de felicidades", como era citado nas redes sociais, partia de um investimento de aproximadamente R$ 600, que poderia chegar a centenas de milhares de reais. Ao longo dos meses, no entanto, a empresa foi alterando a forma de ganho, o que começou a causar a insatisfação dos associados, resultando em registros de ocorrências na delegacia.
Em Juiz de Fora, um empresário é apresentado em vídeos de divulgação como um dos cinco homens mais fortes do esquema no país. O homem, 42 anos, fundou um grupo de colibris há pouco mais de um ano e, desde então, tem investido o dinheiro em negócios diversos no município, como a concessionária de veículos de luxo, uma imobiliária, uma agência de turismo e uma seguradora, todas com a mesma marca.
POLÍCIA INVESTIGA CASO DE SUPOSTA PIRÂMIDE NO 'MISTER COLIBRI'
Reviewed by Erivan Justino
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segunda-feira, outubro 01, 2012
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