ESCRITOR MOSSOROENSE DIVULGA SEUS ARTIGOS NO BLOG
O escritor José Romero Cardoso, que reside em Mossoró, está divulgado a partir de hoje(21) uma série de 23 artigos, que fazem parte de suas obras, cujo objetivo é democratizar o que escreve, pois assim estará sendo útil aos seus semelhantes, dividindo o conhecimento que vêm cumulando.
Romero Cardoso é natural de Pombal/PB, e ha anos reside em Mossoró/RN. É professor adjunto IV, do Departamento de Geografia da UERN.
A seguir, o artigo que fala sobre A CIVILIZAÇÃO DO COURO.
A civilização do couro
profº Romero Cardoso |
Enquanto no litoral nordestino subúmido firmou-se a agroindústria canavieira
voltada para o mercado externo, a hinterlândia formou-se a partir da expansão
da pecuária pelos sertões distantes tendo como pólos irradiadores Bahia e
Pernambuco.
A civilização do couro, conforme definição do historiador
Capistrano de Abreu, objetivava
abastecer com os produtos da pecuária o mercado interno, pois as áreas
valorizadas pelo capital mercantil não tiveram condições concretas de cumprir
qualquer ênfase à própria sobrevivência, seja de oprimidos ou de opressores.
As classes abastadas que povoaram os sertões nordestinos
tinham na quantidade de gado bovino sinônimo de status socioeconômico, enquanto
aos menos privilegiados restou o consolo de criar pequenos animais
domesticados, como cabras e bodes, motivo pelo qual se formaram as denominadas
raças nativas, como Moxotó, Morada Nova e Canindé, resistentes às secas e
adaptadas extraordinariamente ao meio ambiente inóspito, cujo suporte
forrageiro, em geral, encontra-se nas plantas das caatingas.
No sertão nordestino o couro passou a fazer parte do
dia-a-dia, pois quase tudo era feito dessa matéria-prima de origem animal. As
cadeiras, os alforjes, as mesas, os gibões, os chapéus, enfim, a cultura
sertaneja passou a utilizar o couro em quase tudo que era confeccionado, usado
cotidianamente pelos sertanejos em afazeres, alimentação, conforto, etc .
Quando das grandes secas era comum usar o couro como
recurso alimentício a fim de tentar sobreviver aos rigores das intempéries. A
estiagem histórica de 1877-1879 marcou significativamente o uso do couro para a
alimentação do sertanejo, o qual antes era
utilizado para deitar-se, sentar-se ou enfrentar os espinhos da
vegetação caatingueira.
O manuseio com o gado, do qual o couro é retirado, fez
surgir verdadeiros artesãos nas quebradas dos sertões distantes. Artistas
populares anônimos proliferaram, assim como as feiras de gado, executando
trabalhos hábeis que ainda hoje marcam de forma extraordinária a cultura
sertaneja.
Mãos calejadas passaram a fabricar selas, chapéus,
relhos, sandálias, etc., os quais se tornaram indispensáveis para enfrentar a
vida dura no sertão, simbolizando em muitos casos a própria tradição da região.
Vaqueiros e cangaceiros adotaram indumentária própria,
confeccionada com o couro. Incontestáveis obras de arte foram feitas a partir
do tecido animal, exemplificado através dos chapéus-de-couro dos mais
proeminentes chefes de cangaço que palmilharam o sertão nordestino.
O campeador de gado do sertão nordestino, por sua vez,
difere de seus congêneres espalhados pelo país, pois a roupa com a qual
enfrenta as dificuldades da labuta diária, condicionada pelos desafios impostos
pela vegetação extremamente agressiva, dotada de espinhos afiados e cortantes,
exige dureza e rusticidades, as quais são conseguidas com as vantagens que o
couro oferece.
(*) José Romero Araújo Cardoso
ESCRITOR MOSSOROENSE DIVULGA SEUS ARTIGOS NO BLOG
Reviewed by Erivan Justino
on
segunda-feira, janeiro 21, 2013
Rating:
Nenhum comentário:
Seu comentário passará por uma avaliação...