PLANO DE OCUPAÇÃO TOTAL DE GAZA INCLUI DESLOCAR 900 MIL PALESTINOS


O gabinete de segurança israelense autorizou, nessa quinta-feira (7/8), o plano do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para ocupar integralmente a Faixa de Gaza. Na prática, porém, ainda não está claro o que isso significa e como esse projeto será viabilizado. Apesar de grande oposição internacional e também interna em Israel, o premiê israelense opta por uma estratégia ainda mais dramática quase dois anos após o início da guerra.

O plano deve ser executado em etapas, ou seja, não levará a uma ocupação imediata de toda a Faixa de Gaza. Essa abordagem gradual se deve aos alertas recorrentes do chefe do Estado-Maior do Exército de Israel, Eyal Zamir, que tem repetidamente alertado a cúpula política sobre os riscos práticos que este plano representa.

Segundo o Canal 12 de Israel, o detalhamento das fases deverá ser o seguinte: o primeiro passo será a retirada dos cerca de 900 mil palestinos que vivem na Cidade de Gaza, o que representa metade da população total; depois, viria a ocupação da Cidade de Gaza; e por fim, caso o Hamas não aceite retornar à mesa de negociações, a ocupação integral da Faixa de Gaza. Israel já controla 75% do território palestino.
“As vidas dos reféns estarão em perigo e não há como garantir que eles não serão afetados. Nossas forças estão esgotadas, o equipamento militar precisa de manutenção e há problemas humanitários e sanitários em Gaza”, alertou Zamir durante a reunião, segundo o Canal 13 de Israel.

Há a possibilidade de anexar de forma permanente a zona tampão que Israel mantém desde o início da guerra junto à cerca da fronteira, chamada de “perímetro”. Essa questão representa também um dos impasses nas negociações com o movimento radical palestino, que, neste momento, estão paralisadas.

Israel queria manter, durante o cessar-fogo com o Hamas, o controle de dois quilômetros em todo o contorno da Faixa de Gaza, de forma a impedir a aproximação de palestinos da cerca que divide os territórios. O Hamas aceitava conceder 800 metros. Israel então recuou e apresentou mapas estabelecendo o controle de entre 1,2 km e 1,4 km. Mas a situação não foi resolvida e o processo está estagnado.
Oposição interna em Israel

Para entender o apoio ou a oposição ao plano, é preciso contextualizar a situação interna em Israel a partir de três ângulos distintos. Primeiro, os representantes mais extremistas da coalizão de governo, como Bezalel Smotrich, ministro das Finanças, e Itamar Ben Gvir, ministro da Segurança Nacional, não escondem o sonho de reocupar a Faixa de Gaza e reconstruir os assentamentos. O ano de 2025 marca os 20 anos desde que Israel se retirou completamente do enclave palestino e desmantelou todos os assentamentos.

Por outro lado, há o chefe do Estado-Maior do Exército, Eyal Zamir, os familiares dos reféns israelenses e o líder da oposição a Netanyahu, Yair Lapid. Todos consideram que o plano de ocupação defendido por Netanyahu colocará em risco os reféns que ainda estão vivos, provocará ainda mais desgaste das tropas e também as colocará em risco. Segundo Yair Lapid, o projeto de ocupação integral da Faixa de Gaza vai levar os israelenses “a arcar com um custo alto que eles não podem e não querem pagar”.

O terceiro aspecto diz respeito à pesquisa mais recente sobre a posição da sociedade em relação à guerra, realizada no mês de julho. O levantamento mostra que 74% dos israelenses querem o fim do conflito e um acordo que seja capaz de libertar todos os reféns de uma só vez.
PLANO DE OCUPAÇÃO TOTAL DE GAZA INCLUI DESLOCAR 900 MIL PALESTINOS PLANO DE OCUPAÇÃO TOTAL DE GAZA INCLUI DESLOCAR 900 MIL PALESTINOS Reviewed by Erivan Justino on sexta-feira, agosto 08, 2025 Rating: 5

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