AÇÃO PEDE R$ 100 MILHÕES AOS FUNDADORES DAS CASAS BAHIA POR CRIMES CONTRA MULHERES



As denúncias de abusos sexuais envolvendo Saul Klein e o pai, Samuel Klein, fundador das Casas Bahia, motivaram duas organizações não governamentais a protocolarem uma ação civil pública, em agosto de 2021, pedindo R$ 100 milhões de indenização por "dano moral coletivo causado às mulheres brasileiras". Além de Saul e Samuel —representado no documento pelo filho mais velho, Michael—, o pedido se direciona também à Via Varejo S/A, grupo do qual as Casas Bahia fazem parte.

O UOL teve acesso exclusivo ao documento, assinado pelo Centro Santos Dias de Direitos Humanos e pela SOF - Sempreviva Organização Feminista.

Essa é a primeira vez em que uma ação civil pública no Brasil tem relação com uma denúncia de violência sexual, explica o presidente do Centro Santos Dias, Luciano Caparroz Pereira dos Santos.

"Normalmente, é o Ministério Público que acompanha os casos e tem a prerrogativa de pedir a indenização por dano moral coletivo. Como isso não aconteceu, decidimos agir para contemplar a sociedade como um todo, com um objetivo específico: que os recursos da indenização sejam usados em políticas de proteção às mulheres", explica Santos.

No documento, a reparação financeira é exigida "em razão do cometimento de possíveis crimes de aliciamento, estupro, exploração sexual e violência sexual contra centenas de meninas, adolescentes e mulheres" e cita Samuel, que morreu em 2014, e Saul.

Segundo as organizações afirmam no documento apresentado à Justiça, ambos "sempre se valeram do poder econômico, instalações, funcionários e mercadorias da empresa [Casas Bahia] para recrutar, intimidar e manter as jovens sob o seu jugo, bem como da forte presença simbólica da Casas Bahia no imaginário popular, contando para esse fim com a conivência da empresa-ré".

Atualmente, Saul é investigado pela polícia após 14 mulheres o denunciarem por estupro, cárcere privado, transmissão de doença venérea, entre outros crimes, em um esquema de exploração sexual que durou cerca de 15 anos. Cinco delas estão no documentário "Saul Klein e o Império do Abuso", de Universa e Mov.doc. Antes dele, o pai, Samuel, também agiu de forma similar e contra crianças, segundo acusações de vítimas reveladas pela Agência Pública —uma mulher que diz ter sido abusada pelo fundador das Casas Bahia aos nove anos também fala no documentário.

O advogado de Saul, André Boiani e Azevedo, nega todas as denúncias contra o empresário e afirma que ele sempre teve relações consensuais com as mulheres das quais se aproximou. Seus representantes citados na ação também foram procurados pela reportagem, assim como Michael Klein. Não houve retorno a nenhum pedido de entrevista. Apenas a Via Varejo respondeu, afirmando, em nota, "que a família Klein nunca exerceu qualquer papel de controle na Via, companhia constituída em 2011" e que não comenta "casos ou ações judiciais que envolvam terceiros".

Fonte: Portal Grande Ponto
AÇÃO PEDE R$ 100 MILHÕES AOS FUNDADORES DAS CASAS BAHIA POR CRIMES CONTRA MULHERES AÇÃO PEDE R$ 100 MILHÕES AOS FUNDADORES DAS CASAS BAHIA POR CRIMES CONTRA MULHERES Reviewed by Erivan Justino on segunda-feira, abril 04, 2022 Rating: 5

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