SINAL FECHADO: JUSTIÇA ACATA DENÚNCIA DO MPF SOBRE ESQUEMA DE INSPEÇÃO VEICULAR
Empresário
pagou mais de R$ 1 milhão a grupo político em troca de promessa da
manutenção de contrato irregular
O
Ministério Público Federal (MPF) denunciou à Justiça Federal no
Rio Grande do Norte os “não detentores de foro” envolvidos em
parte do esquema de corrupção e lavagem de dinheiro que foi alvo da
operação Sinal Fechado, deflagrada em 2011. Eles participaram dos
atos de corrupção e lavagem de dinheiro cujo objetivo era manter um
contrato de inspeção veicular ambiental no estado, obtido
irregularmente através de licitação fraudada.
Contra os
envolvidos que possuem foro por prerrogativa de função (o senador
José Agripino Maia e a ex-governadora e atual prefeita de Mossoró
Rosalba Ciarlini), a denúncia foi feita pela Procuradoria-Geral da
República - por corrupção passiva e lavagem de dinheiro – e se
encontra sob análise da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal
(STF), que irá decidir se a acata ou não.
A
denúncia feita no Rio Grande do Norte, porém, já foi aceita pela
Justiça e inclui dentre os réus o suplente de senador José Bezerra
de Araújo Júnior, o “Ximbica”; o marido da ex-governadora
Rosalba Ciarlini, Carlos Augusto de Sousa Rosado; o assessor
parlamentar do ex-senador João Faustino, Antônio Marcos de Souza
Lima; e o empresário George Anderson Olímpio da Silveira, que vem
colaborando com as investigações.
Propina
- Em 2010, José Agripino, Carlos Augusto Rosado e sua esposa e
então senadora Rosalba Ciarlini (candidata ao governo), com a
intermediação de João Faustino, teriam recebido R$ 1,15 milhão de
George Olímpio para assegurar a manutenção do contrato de inspeção
veicular celebrado entre o Consórcio Inspar e o Estado.
A maior
parte do dinheiro se destinou a pagar despesas da campanha de
reeleição do senador e de Rosalba a governadora e nunca foi
declarado na prestação de contas de ambos. De acordo com a
denúncia, uma parcela menor foi depositada “de forma fracionada,
sem identificação de origem” nas contas de Agripino (R$ 105.500),
Carlos Augusto (R$ 86.365) e Rosalba (R$ 69.950).
O MPF
detalha que José Bezerra Júnior viabilizou - no papel de agiota - o
empréstimo de R$ 300 mil usado como parte da propina paga ao grupo
político por George Olímpio. Foram estipulados juros de 3% ao mês
e o valor principal seria devolvido quando as inspeções começassem.
Antônio
Marcos, por sua vez, sacou outra parcela da propina (R$ 190 mil) da
conta de Marcílio Monte Carrilho de Oliveira. Este teria atuado como
agiota e emprestado, ao todo, R$ 400 mil para o esquema, porém
Marcílio Carrilho e o ex-senador João Faustino Ferreira Neto - que
foram investigados e tiveram participação no caso indicada por
vários elementos de prova - não foram denunciados porque já
faleceram.
Inspeção
– O Consórcio Inspar, de George Olímpio, venceu através de
fraude a licitação da inspeção veicular ambiental e, mesmo diante
das várias críticas e questionamentos feitos à época, tentou
assegurar a manutenção e execução do contrato junto ao grupo de
Agripino, Carlos Augusto e Rosalba, vislumbrando a vitória dessa
última nas eleições de 2010, quando foi eleita governadora.
Da
propina, R$ 300 mil vieram de recursos próprios do empresário e os
demais R$ 850 mil através de empréstimos junto a agiotas (aos quais
pagou juros até o início de 2011) e a uma empresa do próprio
senador (R$ 150 mil). George Olímpio celebrou acordo de colaboração
premiada.
Crimes
– A Sinal Fechado teve origem em diligências realizadas pelo
Ministério Público do Estado (MP/RN) a respeito de suspeitas de
fraude e corrupção no Detran/RN. Um dos alvos foi a licitação da
inspeção veicular. Na Justiça Estadual já tramita ação penal
referente ao pagamento de propina para o grupo político que se
encontrava no Governo do Estado na época da licitação e da
celebração do contrato de inspeção, no ano de 2010.
A nova
ação do MPF se refere ao repasse de vantagens indevidas ao grupo
político que assumiu o governo a partir de 2011. Em sua delação,
George explicou que a negociação “abrangia também um acordo mais
amplo, voltado para o pagamento mensal de vantagens indevidas, em
valor não especificado, a ser efetivado quando o serviço (…)
começasse a ser prestado e remunerado”.
Na
denúncia, o MPF pede a condenação de Carlos Augusto e José
Bezerra Júnior por corrupção passiva e lavagem de dinheiro e de
Antônio Marcos por lavagem de dinheiro; além de requerer a
reparação dos danos pelos acusados, no montante de R$ 1,15 milhão.
Em relação a George Olímpio, pede-se a aplicação do benefício
previsto em seu acordo de colaboração: o perdão judicial. O
processo tramita na 2ª Vara Federal no Rio Grande do Norte sob o
número 0804459-26.2018.4.05.8400.
Confira a
íntegra da denúncia clicando aqui.
SINAL FECHADO: JUSTIÇA ACATA DENÚNCIA DO MPF SOBRE ESQUEMA DE INSPEÇÃO VEICULAR
Reviewed by Erivan Justino
on
quarta-feira, maio 16, 2018
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