BRASIL QUER RETRIBUIÇÃO DE TRUMP PARA ACEITAR ABRIR MERCADO DE ETANOL
O governo brasileiro condiciona uma abertura de seu mercado para o etanol dos EUA a uma contrapartida por parte do governo de Donald Trump. A proposta do Itamaraty e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior foi apresentada aos americanos, no âmbito da negociação aberta pela Casa Branca antes de a adoção de uma nova política comercial a partir de 2 de abril.
Na última sexta-feira, os dois governos se reuniram de forma virtual. Foi a terceira reunião entre Washington e Brasília. Mas a primeira a envolver apenas os técnicos de ambos os lados para iniciar um processo negociador.
Washington não deu uma resposta e apenas indicou que iria avaliar a proposta brasileira. Não há, neste momento, uma data para uma nova reunião. A estratégia brasileira, porém, é a de negociar e evitar seguir no mesmo caminho adotado pelo Canadá, China e UE, que adotaram retaliações contra produtos americanos.
O governo Trump prometeu "reciprocidade" com todos os países, alertando que vai implementar tarifas contra países que supostamente estão tratando de forma "injusta" seus produtos. O etanol entrou na agenda oficial dos americanos, por conta de uma tarifa de 18% aplicada pelo Brasil.
Nas negociações, os americanos pediram a abertura do mercado brasileiro de etanol. A resposta do Brasil foi direta: o país só pode negociar alguma redução de tarifas sobre o etanol se os EUA se dispuserem a negociar o acesso de seu mercado ao açúcar brasileiro.
Num documento obtido pelo UOL e enviado para Trump por parte da Câmara de Comércio dos EUA, a barreira brasileira ao etanol é, de fato, um dos destaques.
De acordo com o setor privado americano, em fevereiro de 2023, a Câmara de Comércio Exterior do Brasil (Camex) restabeleceu uma tarifa de 16% sobre as importações de etanol dos EUA, aumentando-a posteriormente para 18% em 2024.
"Anteriormente, as importações de etanol se beneficiavam de tarifas de 0% sob um programa de cotas tarifárias", disseram.
"Os EUA impõem uma tarifa de 2,5% sobre o etanol brasileiro, destacando um desequilíbrio que se tornou um irritante comercial significativo na relação bilateral. Além disso, os produtores brasileiros se beneficiam do acesso aos programas dos EUA, como o Renewable Fuels Standard e o Low Carbon Fuel Standard da Califórnia, enquanto o etanol dos EUA não tem acesso ao programa RenovaBio do Brasil", afirmou.
uol
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