GOVERNO PEDE SUSPENSÃO DO FILME ‘LINDINHAS’, DA NETFLIX, POR EROTIZAÇÃO INFANTIL



O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) anunciou nesta segunda-feira, dia 21, ter pedido a suspensão do streaming do filme francês “Lindinhas”, disponibilizado no Brasil pela Netflix, por apontar presença de erotização infantil em seu conteúdo. A personagem principal da história é uma menina de 11 anos apaixonada pela dança twerk.

O material não seria próprio ao público, porém, por apresentar “pornografia infantil e múltiplas cenas com foco nas partes íntimas das meninas enquanto reproduzem movimentos eróticos durante a dança, se contorcem e simulam práticas sexuais”.

O documento assinado pela Secretaria Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente (SNDCA) foi enviado à Coordenação da Comissão Permanente da Infância e Juventude (COPEIJ), com razões legais envolvendo a “proteção de crianças e adolescentes”.

Procurada, a Netflix explicou em um comunicado que a obra pretende justamente criticar a erotização infantil, por tratar-se de “um comentário social contra a sexualização de crianças”.

“É um filme premiado e uma história poderosa sobre a pressão que jovens meninas enfrentam nas redes sociais e também da sociedade. Nós encorajaríamos qualquer pessoa que se preocupa com essas questões importantes a assistir ao filme”, completou.

O longa-metragem “Mignonnes” (nome original), da cineasta Maïmouna Doucouré, causou polêmica logo após estrear em 19 de agosto. No dia seguinte, a própria Netflix pediu desculpas por um cartaz de divulgação por ter sexualizado as atrizes mirins. Mas a partir daquele momento, “Lindinhas” ficou marcada pela polêmica, dividindo opiniões entre quem defende sua mensagem e quem discorda da forma como as cenas foram gravadas.

“Lamentamos profundamente a arte inadequada que usamos para Mignonnes / Cuties. Não ficou boa, nem representava esse filme francês que ganhou um prêmio no Festival de Sundance”, afirmou em um post no Twitter, acrescentando que o material de propaganda havia sido substituído.

Segundo o jornal “Le Monde”, o objetivo da diretora era contar a história da “difícil construção de uma jovem dividida entre o peso do patriarcado na própria família e o desejo de se juntar a um grupo de dançarinas que se expressam com seus corpos de forma desenfreada e desinibida”. O filme foi bem recebido pela crítica e recebeu o prêmio de melhor realização do Festival Sundance, em janeiro.

Diante dos ataques ao filme, o Ministério da Cultura da França se posicionou, apoiando Maïmouna Doucouré. Desta forma, a criadora do longa se manifestou em seu perfil do Instagram nesta segunda-feira, agradecendo à ministra Roselyne Bachelot, à ministra Élisabeth Moreno, responsável pela igualdade de gênero e diversidade, entre outras personalidades e entidades.

“As virulentas críticas dirigidas ao filme ‘Mignonnes’ emprestam à diretora uma intenção que está em total contradição com o propósito de seu trabalho. Eles são baseados em uma série de imagens redutoras e descontextualizadas do filme”, afirmou o governo francês em nota divulgada na última sexta-feira, dia 18. “A Sra. Roselyne Bachelot-Narquin e a Sra. Élisabeth Moreno defendem a exibição do longa-metragem de Maïmouna Doucouré pelo mundo em nome da liberdade de criação, um pilar essencial da vida democrática”, destacou o comunicado do Ministério da Cultura da França. “Este filme deve poder continuar a ser apresentado a todos os públicos e alimentar um debate pacífico baseado em leituras iluminadas da obra”.

Já no Brasil, o secretário Maurício Cunha disse que o roteiro pode levar à normalização da hipersexualidade das crianças em produções artísticas.

“A SNDCA vê com extrema preocupação a perpetuação do conteúdo que, longe de ser entretenimento ou liberdade de expressão, na verdade, afronta e fragiliza a normativa nacional de proteção à infância e adolescência. Por isso, o caso requer a atuação da Comissão Permanente da Infância e da Juventude”, afirmou o secretário no ofício, que pede ainda a apuração da responsabilidade pela veiculação de “conteúdo pornográfico envolvendo crianças”.

“Impende destacar que, dentre os crimes tipificados no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), está o ato de ‘vender ou expor à venda, vídeo ou outro registro que contenha cena pornográfica envolvendo criança e adolescente, punível com reclusão de 4 a 8 anos e multa'”, acrescentou Cunha.

A ministra Damares Alves também se manifestou sobre o tema, dizendo que ser do “interesse de todos nós botarmos freio em conteúdos que coloquem as crianças em risco ou as exponham à erotização precoce”.

Extra

GOVERNO PEDE SUSPENSÃO DO FILME ‘LINDINHAS’, DA NETFLIX, POR EROTIZAÇÃO INFANTIL GOVERNO PEDE SUSPENSÃO DO FILME ‘LINDINHAS’, DA NETFLIX, POR EROTIZAÇÃO INFANTIL Reviewed by Erivan Justino on terça-feira, setembro 22, 2020 Rating: 5

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