SENADO APROVA REAJUSTE DE SALÁRIO DE MINISTROS DO STF PARA R$ 39 MIL

BRASÍLIA - Contrariando a vontade do presidente
eleito Jair Bolsonaro (PSL),
o plenário do Senado aprovou nesta
quarta-feira, 7, o reajuste de 16,38% no salário dos ministros
do Supremo Tribunal Federal (STF)
e dos membros da Procuradoria-Geral da República(PGR),
incluído na pauta sem acordo com os líderes. Considerado o teto do
funcionalismo, a remuneração passará de R$ 33,7 mil para R$ 39,2 mil mensais.
Os dois projetos de lei que previam os aumentos já haviam sido aprovados na
Câmara dos Deputados e agora seguem para a sanção presidencial.
Pela manhã, Bolsonaro havia manifestado preocupação
com a votação em momento de ajuste de contas, em que tenta mobilizar
o parlamento e aproveitar a popularidade das urnas para emplacar a reforma
da Previdência. Antes da votação, o presidente eleito havia dito que
“obviamente não é momento” para provocar o reajuste. “Vejo com preocupação essa
iniciativa”, disse. “Estamos em uma fase que, ou todo mundo tem ou ninguém tem.
E o Judiciário é o mais bem aquinhoado”.
Cálculos das consultorias de Orçamento da Câmara e
do Senado apontam que o “efeito cascata” para os demais Poderes da União e os
Estados pode ser de cerca de R$ 4,1 bilhões. Segundo o senador Ricardo
Ferraço, que votou contra o projeto, o impacto nas contas pode chegar a R$ 6
bilhões. O reajuste terá um efeito em cascata para a União e, sobretudo, para
os Estados, que já enfrentam grave crise financeira e correm risco de
insolvência por causa do comprometimento de receitas com o pagamento da folha
de pessoal.
Após dois anos parado
no Senado, o reajuste passou no fim do mandato de uma série de senadores que
são investigados ou processados judicialmente e perderão o foro privilegiado,
porque não conseguiram se reeleger – a renovação no Senado foi recorde, de 85%.
O presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, e a
procuradora-geral da República, Raquel Dodge, mantiveram contato com o presidente
do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE),
para articular apoio à votação dos reajustes. Houve mobilização nos bastidores
e a votação, na véspera, de um requerimento para que fossem incluídos em pauta,
mesmo sem consulta de praxe aos líderes de bancada, porque o prazo de análise
na Comissão de Assuntos Econômicos havia expirado. A votação surpreendeu associações
de classe de magistrados e procuradores.
Eunício negou ter manobrado nos bastidores para
atender a pressões da Corte ou do MPF e incluir os projetos na pauta. O
presidente do Senado disse ainda que “jamais” faria uma negociação às
escondidas. “Não foi incluído de ofício pela presidência, mas atendendo
requerimento aprovado pelo plenário”, afirmou ele. Eunício afirmou em plenário
que Dias Toffoli e Raquel Dodge garantiram que não haveria aumento no teto
de gastos do Judiciário e do Ministério Público, além do previsto na
emenda constitucional 95, aprovada pelo governo Michel Temer.
O aumento do STF
passou com 41 votos favoráveis e 16 contrários, além de uma abstenção. O da PGR
foi aprovado em seguida por votação simbólica. A base do governo votou
majoritariamente favorável. Partidos de oposição a Temer foram contra, embora
houvesse divergências em bancadas como a do PT. Bolsonaro e seus aliados não
conseguiram mobilizar os senadores para o que chegou a ser considerado uma
pauta-bomba para o próximo governo.
O Estado apurou que Bolsonaro conversou
com o presidente Michel Temer sobre o tema nesta quarta-feira. Oficialmente, no
entanto, a assessoria nega que o assunto tenha sido discutido entre os dois no
encontro fechado que tiveram. Mesmo diante do quadro de dificuldade fiscal, auxiliares
de Temer dizem que ele não sinalizou veto ao aumento.
A decisão de Eunício de pautar o projeto do
reajuste pegou de surpresa as lideranças dos partidos. Como mostrou o Broadcast
Político mais cedo, o presidente do Senado tomou a decisão depois de
uma conversa na terça-feira, 6, com o presidente do STF, ministro Dias
Toffoli. Eunício não convocou a reunião de líderes para tratar do assunto, o
que é praxe.
A matéria estava
parada na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado com parecer contrário
do relator, Ricardo Ferraço (PSDB-ES). Mas o presidente do Senado designou novo
relator, o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), que deu parecer favorável
ao aumento.
Novo relator deu parecer favorável
O senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) foi
designado relator pelo presidente do Senado, Eunício Oliveira, que articulou
nos bastidores para votar os projetos ainda nesta quarta. Como mostrou
o Broadcast Político mais cedo, Eunício se reuniu na terça-feira com
Toffoli. Foi depois desse encontro que ele tomou a decisão de pautar o texto,
surpreendendo lideranças políticas e também os próprios representantes das
categorias, que estão no plenário do Senado pressionando pela aprovação.
O senador do MDB foi
designado relator no lugar do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), que era
relator na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e havia recomendado a rejeição
do projeto. Bezerra deu parecer favorável.
O senador Roberto Requião (MDB-PR) declarou
voto contrário ao reajuste dos ministros do STF e afirmou que há o risco
de o Parlamento "votar sob pressão e ameaça de retaliação" do
Judiciário. Vários parlamentares são investigados ou réus em ações no STF.
Eunício Oliveira respondeu a Requião dizendo que o projeto do reajuste do
STF não tem nenhum efeito sobre o Parlamento. /COLABOROU TÂNIA
MONTEIRO.
SENADO APROVA REAJUSTE DE SALÁRIO DE MINISTROS DO STF PARA R$ 39 MIL
Reviewed by Erivan Justino
on
quinta-feira, novembro 08, 2018
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