ALIMENTOS DISPARAM E PUXAM INFLAÇÃO DE MARÇO PARA 0,56%, APONTA IBGE

Tomate, ovos e café lideram altas e respondem por quase metade da inflação no mês.

A inflação oficial do país, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), registrou alta de 0,56% em março, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (11) pelo IBGE. Embora o índice tenha desacelerado em relação a fevereiro (1,31%), o avanço foi impulsionado principalmente pela disparada nos preços de alimentos.

O grupo Alimentação e Bebidas, que pesa fortemente no bolso do consumidor, subiu 1,17% no mês – acelerando frente aos 0,70% registrados em fevereiro – e foi responsável por quase metade da inflação de março.

Entre os vilões do período estão o tomate, com alta expressiva de 22,55%, seguido por ovos de galinha (13,13%) e café moído (8,14%). Juntos, esses três produtos responderam por um quarto do IPCA do mês.

“O calor do verão antecipou a colheita do tomate em várias regiões, o que reduziu a oferta em março e pressionou os preços”, explicou Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa no IBGE.

Já o aumento no preço dos ovos foi atribuído, além da demanda típica da quaresma, ao encarecimento do milho – principal insumo da ração das aves. A preocupação com o produto tem sido tamanha que chegou ao Planalto. O presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já manifestaram publicamente preocupação com a escalada nos preços da proteína.

A situação também se reflete no comércio exterior. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), as exportações de ovos brasileiros cresceram 57,5% em fevereiro, puxadas pela maior demanda dos Estados Unidos, afetados por um surto de gripe aviária que já dizimou cerca de 170 milhões de aves desde 2022.

Outro destaque foi o café moído, que já acumula alta de 77,78% nos últimos 12 meses. O avanço é atribuído à quebra de safra no Vietnã, grande produtor mundial, e também a problemas climáticos que afetaram a produção brasileira.

Pressão menor fora dos alimentos

Fora da alimentação, houve alívio em outros setores. O grupo Habitação, que havia pesado em fevereiro devido ao fim do bônus de Itaipu nas contas de luz, subiu apenas 0,24% em março. Já o grupo Transportes teve alta de 0,46%, menor do que no mês anterior.

A inflação de serviços também deu sinais de moderação, passando de 0,82% em fevereiro para 0,62% em março. O índice de difusão, que indica a proporção de itens com aumento de preços, ficou estável em 61%.

Mesmo com a desaceleração em algumas áreas, o acumulado em 12 meses segue pressionado: o IPCA atingiu 5,48%, acima dos 5,06% registrados nos 12 meses anteriores.

Apesar das pressões, economistas avaliam que o quadro atual não deve alterar significativamente a política monetária. Segundo André Valério, economista sênior do Inter, “os núcleos da inflação e os serviços seguem relativamente estáveis, o que não deve provocar reações imediatas do Banco Central”.

*Com informações da “CNN”