EM MEIO A CRISE COM O CONGRESSO, LULA DIZ QUE PAÍS ESTÁ FAZENDO 'COLHEITA PROMISSORA' DAS PROMESSAS DE CAMPANHA


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva dá entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto nesta terça-feira. O encontro ocorre enquanto o governo federal busca uma solução para contornar o impasse com o Congresso em torno do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). No início da entrevista, ele afirmou que o país está fazendo uma "colheita promissora" do que foi prometido durante a campanha eleitoral.

De acordo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, um pacote que foi negociado em reuniões com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), será apresentado a Lula nesta terça. À noite, o presidente embarca para Paris.

'PACzinho'

Como mostrou O GLOBO, o governo federal decidiu recalcular a estratégia política do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Se antes a ambição era torná-la uma vitrine da atual gestão, as dificuldades em encontrar uma marca, além de cortes no orçamento, fizeram com que o investimento fosse direcionado para intervenções locais que possam render dividendos eleitorais ao petista. Em vez de ferrovias, hidrelétricas e refinarias, emblemas de edições anteriores do PAC, a aposta agora será em inaugurações como as de postos de saúde e creches ou a entrega de ambulâncias.

A fim de evitar uma “agenda de vereador” para Lula, com a presença em eventos de pequeno porte, o plano do Palácio do Planalto é promover grandes atos para entregar pacotes de obras pelo país. Nesse modelo, a ideia é que quando houver a inauguração de uma escola, por exemplo, o presidente participe presencialmente em uma cidade, mas anuncie a entrega simultânea de outras 50 ou cem em outras localidades, com transmissão online das cerimônias em cada uma delas.

O discurso adotado no governo é de que Lula precisa estar presente nas agendas que o aproximem da população na ponta, deixando claro que aquelas obras são fruto de sua gestão. Em geral, esse tipo de inauguração de menor peso ocorre apenas com a presença de prefeitos, vereadores e deputados, especialmente quando a intervenção recebe recurso via emenda parlamentar.

Ainda que a construção da creche ou do posto de saúde tenha sido fruto de investimentos do governo federal, o ganho político, na avaliação dos aliados de Lula, não costuma entrar na conta do presidente. Um dos objetivos da nova estratégia em relação ao PAC é tentar intervir nessa lógica. O primeiro ensaio do modelo ocorreu em março, quando o presidente fez a entrega de 789 novas ambulâncias para a frota do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em Sorocaba, no interior de São Paulo.

‘Parceria com prefeituras’

Segundo o balanço de abril, 2.703 municípios têm obras em execução, licitação ou concluídas no chamado PAC Seleções — modalidade em que governadores e prefeitos indicam quais projetos locais devem ter prioridade para receber recursos do programa. Para 2025, há previsão de investimento de R$ 49,2 bilhões.

Procurada, a Casa Civil nega que o PAC esteja “sem marca” e afirma que o objetivo dessa edição do programa “é resgatar e ampliar a infraestrutura do país em parceria com prefeituras, estados, movimentos populares e setor privado”. A pasta argumenta ainda que, dessa maneira, será possível “gerar emprego, garantindo políticas públicas e o desenvolvimento do país respeitando a transformação ecológica”.

O ministério cita como exemplo de obras de grande porte na atual versão do programa a construção de uma ponte sobre o Rio Araguaia, que ligará Tocantins ao Pará, e uma interligação entre duas rodovias que facilitará o acesso até o Porto de Capuaba, em Vila Velha (ES).

O secretário nacional de comunicação do PT, Jilmar Tatto, defende a mudança de estratégia em relação ao PAC. Segundo ele, as viagens presidenciais para a inauguração de obras, mesmo que pequenas, têm impacto nas redes sociais e geram movimento político em deputados, prefeitos e vereadores.

— Nós já estamos em modo campanha. Tirar Lula do Palácio dá a ideia de movimento e proximidade com o povo. O tamanho da obra pouco importa, mais importante é a presença dele fora de Brasília. Lula é o garoto propaganda do governo. A ida é mais importante que a obra em si, esse é o sentido político — justifica Tatto.

A mudança de estratégia ocorre em um momento no qual o programa tem parte de seu orçamento congelado. Conforme cálculos da Casa Civil, dos R$ 31,9 bilhões contingenciados pelo Ministério da Fazenda para cumprir a meta fiscal do ano, R$ 7,6 bilhões sairão dos cofres do PAC.

A menos de um ano e meio das próximas eleições, o presidente tenta acelerar iniciativas que possam ser incluídas na sua propaganda eleitoral de 2026. Na última sexta-feira, por exemplo, o petista relançou em evento no Palácio do Planalto o programa que prevê reduzir as filas de atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS).

A ação havia sido anunciada no ano passado, mas, sem apresentar resultados expressivos, o governo decidiu trocar o nome de “Mais Acesso a Especialistas” para “Agora Tem Especialistas” e apostar em parcerias com a iniciativa privada para tentar torná-lo uma marca.

Até agora, a única iniciativa avaliada no governo como bem-sucedida é o Pé-de-Meia, que prevê o pagamento de benefícios mensais para alunos de baixa renda no Ensino Médio. O objetivo é reduzir a evasão escolar. O Ministério da Educação, porém, afirma ainda não haver dados para mensurar o impacto do programa nos indicadores educacionais.



O Globo





EM MEIO A CRISE COM O CONGRESSO, LULA DIZ QUE PAÍS ESTÁ FAZENDO 'COLHEITA PROMISSORA' DAS PROMESSAS DE CAMPANHA EM MEIO A CRISE COM O CONGRESSO, LULA DIZ QUE PAÍS ESTÁ FAZENDO 'COLHEITA PROMISSORA' DAS PROMESSAS DE CAMPANHA Reviewed by Erivan Justino on terça-feira, junho 03, 2025 Rating: 5

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